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13 - Castro Alves - Chico Xavier - Parnaso de Além-Túmulo


25. Castro Alves.

POETA baiano, desencarnou a 6 de julho de 1871, com 24 anos de idade. Mocidade radiosa, o autor consagrado de Espumas Flutuantes exerceu nas rodas literárias do seu tempo a mais justa e calorosa das projeções. Nesta poesia sente-se o crepitar da lira que modulou – O Livro e a América.

Marchemos!

Há mistérios peregrinos No mistério dos destinos Que nos mandam renascer: Da luz do Criador nascemos, Múltiplas vidas vivemos, Para à mesma luz volver. Buscamos na Humanidade As verdades da Verdade, Sedentos de paz e amor; E em meio dos mortos-vivos Somos míseros cativos Da iniqüidade e da dor. É a luta eterna e bendita, Em que o Espírito se agita Na trama da evolução; Oficina onde a alma presa Forja a luz, forja a grandeza Da sublime perfeição.

É a gota d'água caindo No arbusto que vai subindo, Pleno de seiva e verdor; O fragmento do estrume, Que se transforma em perfume Na corola de uma flor. A flor que, terna, expirando, Cai ao solo fecundando O chão duro que produz, Deixando um aroma leve Na aragem que passa breve, Nas madrugadas de luz. É a rija bigorna, o malho, Pelas fainas do trabalho, A enxada fazendo o pão; O escopro dos escultores Transformando a pedra em flores, Em Carraras de eleição. É a dor que através dos anos, Dos algozes, dos tiranos, Anjos puríssimos faz, Transmutando os Neros rudes Em arautos de virtudes, Em mensageiros de paz. Tudo evolui, tudo sonha Na imortal ânsia risonha De mais subir, mais galgar; A vida é luz, esplendor, Deus somente é o seu amor, O Universo é o seu altar. Na Terra, às vezes se acendem Radiosos faróis que esplendem Dentro das trevas mortais; Suas rútilas passagens Deixam fulgores, imagens, Em reflexos perenais. É o sofrimento do Cristo, Portentoso, jamais visto, No sacrifício da cruz, Sintetizando a piedade, E cujo amor à Verdade Nenhuma pena traduz. É Sócrates e a cicuta, É César trazendo a luta, Tirânico e lutador; É Cellini com sua arte, Ou o sabre de Bonaparte, O grande conquistador. É Anchieta dominando, A ensinar catequizando O selvagem infeliz; É a lição da humildade, De extremosa caridade Do pobrezinho de Assis. Oh! bendito quem ensina, Quem luta, quem ilumina, Quem o bem e a luz semeia Nas fainas do evolutir: Terá a ventura que anseia. Nas sendas do progredir. Uma excelsa voz ressoa, No Universo inteiro ecoa: “Para a frente caminhai! “O amor é a luz que se alcança, “Tende fé, tende esperança, “Para o Infinito marchai!”

A Morte.

No extremo pólo da vida Diz a Morte: – “Humanidade, Sou a espada da Verdade E a Têmis do mundo sou; Sou balança do destino, O fiel desconhecido, Lanço Cômodo no olvido E aureolo a fronte de Hugo! O cronômetro dos séculos Não me torna envelhecida; Sou morte – origem da vida, Prêmio ou gládio vingador. Sou anjo dos desgraçados Que seguem na Terra errantes, Desnorteados viajantes Dos Niágaras da dor! Também sou braço potente Dos déspotas e opressores, Que trazem os sofredores No jugo da escravidão; Aos bons, sou compensação, Consolo e alívio aos precitos, E nos maus aumento os gritos De dores e maldição. Sepultura do presente, Do porvir sou plenitude, Da alegria sou saúde E do remorso o amargor. Sou águia libertadora Que abre, sobre as descrenças, O manto das trevas densas, E sobre a crença o esplendor. Desde as eras mais remotas Coso láureas e mortalhas, E sobre a dor das batalhas Minha asa sempre pairou; Meu verbo é a lei da Justiça, Meu sonho é a evolução; Meu braço – a revolução, Austerlitz e Waterloo. Homem, ouve-me; se às vezes Simbolizo a guilhotina, Minha mão abre a cortina Que torna o mistério em luz; E por trabalhar com Deus, Na absoluta eqüidade, Sou prisão ou liberdade, Nova aurora ou nova cruz. Se o cristal que imita o céu Da consciência tranqüila É o luzeiro que cintila Na noite do teu viver, Oásis – dou-te o repouso, Estrela – estendo-te lume, Flor – oferto-te perfume, Luz da vida – dou-te o ser! Mas, também se a tirania Arvora-se em lei na Terra, Eu mando a noite da guerra Fazer o sol do porvir; Arremesso a minha espada, Ateio fogo aos canhões, Faço cair as nações Como fiz Roma cair. Foi assim que fiz um dia, Ao ver o trono imperfeito Estrangulando o Direito; Busquei Danton, Mirabeau... E junto ao vulto de Têmis Tomei o carro de Jove, E fiz o Oitenta e Nove Quando a França me ajudou. Então, implacavelmente, Fiz a Europa ensangüentada Ajoelhar-se humilhada, Diante de tanto horror.

Conduzo seres aos Céus, À luz da realidade; Sou ave da liberdade Que ao lodo da escravidão Venho arrancar os espíritos, Elevando-os às alturas: Dou corpos às sepulturas, Dou almas para a amplidão!” A Morte é transformação, Tudo em seu seio revive: Esparta, Tebas, Nínive, Em queda descomunal, Revivem na velha Europa; E como faz às cidades, Remodela humanidades No progresso universal.

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