31. Guerra Junqueiro.
ABILIO Guerra Junqueiro, poeta português, nascido em 1850 e desencarnado em 1923, é assaz conhecido no Brasil como épico dos maiores da língua portuguesa e admirado por quantos não estimam na Poesia apenas o malabarismo das palavras, mas o fulgor das idéias. Notável, sobretudo, pela sua veia combativa e satírica, vemos, por sua produção de agora, que os anos do alémtúmulo não lhe alteraram a sadia e lúcida mentalidade, nas mesmas diretrizes. E esta circunstância é tanto mais notável quando o Romantismo se ufana de uma irreal conversão ín extremis.
O padre João.
Tombava o dia: A luz crepuscular Mansamente descia Inundando de sombra o céu, a terra, o mar... O meigo padre João, Um puro coração, Qual lírio a vicejar em meio a um pantanal, Sonhava ao pé da igreja – um templo envelhecido Ao lado de um vergel, esplêndido e florido – Sentindo dentro d'alma um frio sepulcral. O firmamento Tingia-se de luz brilhante e harmoniosa, A noite era de sonho e névoa luminosa. Padre João meditava, orando ao Deus de amor: Revia em pensamento Uma luz singular nas dobras do passado; Era um vulto sublime, excelso, imaculado, Que fazia descer o amor às multidões, Inflamado de fé, desatando os grilhões Que prendiam a alma à carne putrescível, Uma réstia de sol sobre a noite do Horrível, Iluminando o mundo, Iluminando a vida, Pensando docemente a pútrida ferida Da imperfeição que rói a torva Humanidade, Oferecendo amor em flores de bondade, Aos pecadores dando amigas esperanças, E aumentando nos bons as bem-aventuranças. Era o meigo Pastor irradiando a luz, Era o Anjo do Bem, o imáculo Jesus. O sacerdote, então, Comparou, meditando, a fúlgida visão Com aquele Cristo nu, de pau, inerte e frio, Imóvel dominando o âmbito vazio; Notando a diferença enorme, extraordinária, Daquela igreja fria, a ermida solitária, Da igreja de Jesus, Feita de amor e luz, De paz e de perdão, O farol da verdade ao humano coração. E viu da sua igreja o erro tão profundo, Dourando os véus da carne e amortalhando o mundo Em trevas persistentes, Por anos inclementes Em séculos sem fim. Conhecendo no padre o gêmeo de Caim, Afastado da luz, fugindo aos irmãos seus, Fugindo desse modo ao próprio amor de Deus, Padre João meditou nas lutas incessantes Sustentadas na Terra em prol da evolução, E viu no mundo inteiro as ânsias delirantes De trabalho, de amor, de eterna perfeição. Sentiu seu coração em dores lacerado, E no sonho da luz fulgente do passado, Penetrou soluçando a ermida então deserta. Teve medo e receio, o espírito gelado, Sentiu-se no seu templo um pobre emparedado... E fugindo a correr da porta semi-aberta, Com o coração sangrando em úlceras de dor, Encaminhou-se ao campo, à natureza em flor. Fitou extasiado a natureza em festa, As árvores, a flor, os mares, a floresta, E como se o animasse uma chama divina, Despiu-se do negrume espesso da batina, E fitando, a chorar, o céu estrelejado, Encheu a solidão com as vozes do seu brado: “Ó Igreja! não tens a idéia que eu sonhava, A luz radiosa e bela, a luz eterna e rara Que nos vem de Jesus; Tua mão não conduz As plagas da verdade Mantendo inutilmente a pobre Humanidade No mal da ignorância, túrbida e falaz, Crestando a fé, roubando a luz, matando a paz. Torturas a verdade, endeusas a matéria, E transformas o padre em trapo de miséria, Num farrapo de sombra, exótica e execrável, Num fantasma ambulante em treva interminável! É um blasfemo quem crê que em teus nichos e altares Guarda-se a essência pura e imácula de Deus; Eu vejo-o, desde a flor às luzes estelares, Na piedade, no amor, na imensidão dos céus! Ó Igreja! o dogma frio é um calabouço escuro, E eu quero abandonar a noite da prisão; Prefiro a liberdade e a vida no futuro, Guiando-me o farol da fúlgida Razão. Desprezo-te, ó torreão de séculos trevosos, Ruínas de maldade estúltica a cair, Eu quero palmilhar caminhos luminosos Que minhalma entrevê na aurora do porvir!” E o padre emudeceu. Submergido em pranto, Achou mais belo o céu e o seu viver mais santo. Pairava na amplidão estranho resplendor. A Natureza inteira em lúcida poesia Repousava, feliz, nas preces da harmonia!... Era o festim do amor, No firmamento em luz, Que celebrava A grandeza de uma alma que voltava Ao redil de Jesus.
Caridade.
Caía a noite em paz. Crepúsculo. Horas quedas. Horas de solidão. Pelas planícies ledas, A asa ruflando inquieta, os meigos passarinhos Recolhiam-se à pressa, em busca dos seus ninhos! Repousavam, tremendo, os colibris doirados; Pipilavam febris no beiral dos telhados, Reunidas no lar caridoso e terno, Andorinhas gentis, tardígradas do inverno.
▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬ஜ۩۞۩ஜ▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬
INSCREVA-SE │ LIKE │ COMENTE │ COMPARTILHE
✅ INSCREVA-SE NO CANAL: https://bit.ly/3fpJ7uP
▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬ஜ۩۞۩ஜ▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬
#DoutrinaEspirita #Espiritismo #Espirita
A HISTÓRIA DE LÚCIFER - Rodrigo Romo - audiolivro Livro digital no nosso grupo de estudo, link do grupo do Telegram na página inicial do Canal no Youtube parte superior direito. Lúcifer e Satã: A confusão entre Lúcifer e Satã é comum, mas são entidades distintas em várias tradições religiosas. Lúcifer, muitas vezes associado ao "portador da luz", é visto como um símbolo de iluminação e autoconhecimento, enquanto Satã é mais frequentemente associado à adversidade e ao mal, especialmente no contexto cristão (Learn Religions) (Wikipedia). Luz vs. Escuridão: A batalha entre luz e escuridão é um tema recorrente, representando a dualidade e o equilíbrio que permeiam a existência. A luz é ativa e poderosa, capaz de dissipar a escuridão passiva (Learn Religions). Extraterrestres e Co-criação: As civilizações extraterrestres como os Sirianos, Pleiadianos, e outros, são vistas como participantes na co-criação e evolução genética da humanidade. Eles também têm seus próprios ca...
Comentários
Postar um comentário